A cena passou-se hoje na sala de espera do hospital. Os bancos de quatro lugares foram alterados de forma a só permitir a utilização dos dois lugares de topo, tendo sido colocados autocolantes a indicar que os dois lugares do meio tinham sido proibidos. As regras de distanciamento assim exigem e as pessoas de forma geral obedecem. Como havia poucos lugares, especialmente depois da aplicação desta regra, levantei-me de um banco de quatro onde só estava sentado eu. Passado algum tempo, um senhor de idade sentou-se no lugar que eu tinha ocupado. A esposa sentou-se ao lado, no lugar proibido. A funcionária que estava na recepção veio logo chamar a atenção. Resposta da senhora: "Mas eu sou casada com ele!", ao que a funcionária responde, com a calma de quem está calejado de tanto lidar com situações destas: "Pois, mas não é casada com o senhor que se vai sentar na outra cadeira."
Outro blog
quarta-feira, setembro 09, 2020
493. O amor não é para aqui COVIDado
492. Sorte ou azar, eis a questão
Li esta semana a estória de Tsutomu Yamaguchi, que é o exemplo perfeito de que a sorte e o azar são muito relativos. Este senhor estava em Hiroshima a fazer um serviço para a empresa para a qual trabalhava quando rebentou a bomba atómica. Ficou surdo de um ouvido, teve cegueira temporária e ficou com queimaduras no corpo. Mesmo assim, três dias depois apresentou-se na empresa, em Nagasaki, e estava a explicar ao patrão o que tinha acontecido - este último não percebia como uma bomba tinha conseguido destruir uma cidade, - quando caiu a segunda bomba atómica. Das setenta pessoas que se pensa terem estado nas duas cidades no momento da explosão das bombas, é o único caso oficial. Morreu em 2010, aos 93 anos. A sorte e o azar são duas faces da mesma moeda. O que interessa é seguirmos em frente.
quinta-feira, maio 09, 2019
491. Oh my GoT, Marketing Viral!
sexta-feira, novembro 30, 2018
490. Caminhos de Braga
quarta-feira, dezembro 24, 2014
488. Fólicos Capilares
Longe vão os tempos em que o caixa tinha o nono ano. Hoje temos doutores a passar o arroz e o feijão nas máquinas registadoras, um pouco por esse país fora.
terça-feira, novembro 11, 2014
487. Surrealismo badalhoco
Olho para o lado, e vejo outro monte de garrafas, atrás de um outro carro. Como tinha visto uma senhora da limpeza das ruas na rua imediatamente anterior, fui falar com ela. O diálogo, absolutamente surrealista foi algo como:
Eu: "Bom dia, estão ali vidros de garrafas, depois da curva."
Ela, enquanto limpava pacatamente folhas do passeio: "Eu sei, juntei-as em montes. Quando passar por lá, apanho-os."
Fui aos arames. Para facilitar o seu serviço, esta criatura tinha feito montes de garrafas por trás de carros, sem nunca lhe passar pela cabeça que os condutores podem não ver os montes. E mesmo se os vissem: iam andar a colocá-las novamente nos passeios?
Conclusão: devo ter mesmo princípios à antiga, e um mau feitio do pior. Só pode. (E, quem sabe, dois pneus furados.)
terça-feira, outubro 08, 2013
486. Progresso
E, depois, temos o parque. Conheci-o há muitos anos, durante umas férias no grupo de jovens. Apaixonei-me instantaneamente pelo sítio e gostei do parque. Podia ter casas de banho antiquadas, mas eram limpas por gente que não incomodava os campistas. A zona sul do parque era ocupada pelos campistas residentes, que ficavam todo o ano e tinham as suas tendas arranjadas como se fosse uma aldeia onde todos se conheciam. Era simpático passear por entre estas tendas, gradualmente arranjadas para aumentar o conforto, muitas delas com motivos díspares que lhes davam um ar simpático. Dava gosto cheirar o cheiro dos grelhados e ouvir as conversas de gente que se conhecia há muito. Nós tinhamos a nossa tenda que tentavamos sempre montar próximo dos campistas residentes, longe das confusões das zonas mais afastadas onde os miúdos organizavam bebedeiras e festas mais ou menos ruidosas. Lembro-me de uma noite. É interessante que só me lembre desta noite. Os vizinhos começaram a imitar o som de animais. Nós ajudámos à festa e rapidamente o parque começou a parecer um zoológico onde nós eramos os animais. No final fomos para a cama com o coração partido pelo facto de que, no dia seguinte, teriamos de montar a tenda e sair. Tinhamos a esperança de voltar no ano seguinte, mas não sabiamos que iria ser a nossa última noite no parque. No ano seguinte, quando chegámos para montar a tenda, encontrámos o parque em obras. Desanimados, procurámos outro poiso, ali perto, mas a magia tinha-se quebrado. As obras duraram anos. Quando tive conhecimento de que as mesmas tinham acabado, voltámos lá, esperançosos de que iriamos encontrar um parque ainda melhor - afinal, é para isso que se fazem as obras, certo? Errado, muito errado. À chegada fomos informados de que o parque ainda não tinha condições. Mas o pior ainda estava para vir. O parque tinha sido completamente remodelado por quem nunca tinha acampado na vida. A zona dos campistas permanentes tinha sido transformado num amplo parque de estacionamento de auto-caravanas. As árvores tinham sido cortadas. O parque tinha sido, pura e simplesmente, assassinado. Chamam-lhe progresso, mas dispenso este tipo de progresso.